Conhecer o Passado para entender o Presente

"Entrar na História" é o nome deste blogue. Pode significar abrir a porta e entrar no tempo que nos antecedeu. O tempo dos nossos avós... e dos avós dos nossos avós. De todos aqueles que construíram a terra onde vivemos.
Temos o dever de continuar a obra que nos deixaram, dando o nosso contributo para melhorar o que deve ser melhorado. Fazer da nossa terra um lugar mais agradável para viver.
Não se pode melhorar o presente se não o conhecermos. E para compreender o presente temos de conhecer o passado.
É o que este blogue te propõe: vamos investigar a história da nossa terra, para a conhecermos melhor.

Aproveitem!

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terça-feira, 10 de maio de 2011

A Guerra Colonial







A Guerra Colonial
Entrevista a um ex-militar: David Dias Leite
Em que anos esteve a exercer funções nas colónias portuguesas?

Estive na Guiné-Bissau, entre 1963 e 1965.
Que função desempenhava na guerra?
A minha função era de médico de cirurgia e de assistência aos soldados e à população civil.
Descreva o ambiente que se vivia nos campos de batalha.
Quando eu cheguei em 1963, havia paz. Havia apenas 925 soldados portugueses lá. Quando eu saí em 1965, havia 22 000 soldados. Quando eu fui para lá fui para Bafatá, a 180 km de distância de Bissau, a capital. Íamos todos os dias num jeep, sozinhos, buscar o correio a Bissau. Passado 6 meses já não se podia ir buscar o correio porque assaltavam os carros que passavam. E em 1964, um ano depois de eu lá estar, para que a companhia que estava em Nova Lamego regressasse para vir embora já foi preciso o apoio da aviação militar e de tanques para que a companhia pudesse passar. O terrorismo tinha aumentado muito. Durante os oito primeiros meses em que estive no mato eu visitava dois terços da Guiné em completa liberdade. Visitava e prestava assistência média a todos os indígenas, dormia nas palhotas dos indígenas, dormia ao relento com os indígenas e nada acontecia. Éramos muito amigos dos indígenas e os indígenas de nós. Os terroristas é que estragaram tudo.
Lembra-se de algum episódio que o tenha marcado?
Felizmente não. Mas há um muito aborrecido, que não quero referir. Passados, mais ou menos, oito meses de estar em Bafatá, prenderam trezentos e sessenta e tal terroristas da série A. Tinha havido uma série anterior, em que os fuzilaram, eu não quero falar nesse pormenor, está bem?
Era da mesma opinião que os movimentos de libertação?
Eu não tinha ideias políticas porque, antes de ir, falei com um senhor brigadeiro em Lisboa que me disse assim: “ se você quer ir para a Guiné e vir em paz, não fale com os militares.” E eu não falava com os militares e assim não me aconteceu nada. O médico que eu fui substituir veio preso. E, seis meses depois de estar preso, voltou à companhia dele, puseram-no em liberdade. Quando isto aconteceu, ele ausentou-se do país e então julgaram-no à rebelia, por ter fugido de Portugal e ter protestado contra aquilo que ele viu. Entendido?
Agradeço ao meu avô, David Marcos Dias Leite por ter cedido o seu tempo para a realização desta entrevista e por me ter dado imagens da sua ida à Guiné-Bissau.
Entrevista realizada por:
Leonardo Lobato Dias Leite Hügens, nº20, 6ºJ
(Trabalho para a disciplina de História e Geografia de Portugal)

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